terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
Tempero
A água bateu gelada primeiro no pé direito, que estava à leste do mundo, do sol, de tudo. Claro que bateu também no direito, não cheguei a tentar nem quis evitar... Por quê evitar?! É assim que é... o vai e vem das ondas, o vento, o sol, gotas salgadas e minúsculas que te lambem, acariciam e até te temperam pro show diário e maravilhoso do viver. E quando pensei nisso, me veio à mente um big brother só meu em relação ao resto. À direita, imenso, indestrutível, berçário natural de quase tudo, o mar. À frente e para trás, quilômetros e quilômetros e quilômetros de praias paradisíacas e seus banhistas esporádicos, caipiras geladas, corpos esculturais, outros nem tanto, pescadores, surfistas, castelinhos de areia... À esquerda, e aí que rolou a vibe big brother, pra lá está o mundo. Padarias, cartões de crédito, facebook, bolsa de valores, inversão de valores, pitbulls, Pitbull, carnaval, carnificina, gols, politicagens, religiões, business, câmeras de vigilância, 4g, i-tudo, lavagem das escadarias do Bom Fim, lavagem de dinheiro, copa do mundo, uploads e downloads, recalls e upgrades, conceitos e preconceitos... Encrespada a barra, né!? Pois é. Aí a minha prova para permanecer “na casa” seria “casca” (e a bolei quando uma lufada quente de um vento nordestão me lanhou as canelas com areia): contar, um a um, todos os 358.579.034.967.825.193.749.523 grãos de areia existentes na face da Terra. Já pensou?! Vejam bem, não é tão difícil: só os da face. Os que estão dentro do mar não estão tabulados nessa pesquisa e poderão ficar de fora. Alguém aí desistiria dessa prova? Muitos, talvez. Menos eu. Mas faria apenas uma exigência à produção do meu bbb exclusivo: a de que deixassem na despensa da casa algo em torno de 587.493.582.918.703 (se acharem conveniente mais uns 250 mil de reserva, fiquem à vontade) pincéis atômicos pretos para, paciente e criteriosamente, eu pintar cada grão contado. Depois, jogá-lo-ia feliz ao vento novamente, evitando assim de contá-lo mais adiante ou, mesmo, se os ventos mudassem de rota e, de uma hora para outra, ele aparecer em uma praia qualquer que eu estivesse... molhando meus pés e me temperando pro show diário e maravilhoso do viver.
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