sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Arquipélago
Uma gota de chuva deslizou indiferente pelo vidro da janela, fazendo-me despertar. Voltava de longo voo por entre ilhas problemáticas, penínsulas depressivas e rápida escala no farol da solidão. Foi no farol, aliás, que decidi pela volta. O breu gelado e úmido daquelas paragens cortavam como navalha o meu peito, e doía, e maltratava-me por dentro. Lembro bem que, ao sair, procurava luz, calor, sol. E também recordo que os cheguei a ver de frente, bem de perto, quase tocando-os, e que foi neste momento, quando tudo parecia quente, aconchegante, claro, que essa mesma luz, esse mesmo sol me cegou, me tirou os sentidos e jogou de cabeça contra as rochas do arquipélago das desilusões, primeira parada da viagem que comecei na segunda frase desta crônica. Desde então, dou extraordinário valor a qualquer gota de chuva que, indiferente, desliza pelos vidros das janelas.
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